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Cultura e entretenimento 2w6762

Ainda estou aqui, nosso candidato ao Oscar. Por Déborah Schmidt 2q1c51

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Adaptado do livro de memórias de Marcelo Rubens Paiva, Ainda Estou Aqui narra a emocionante trajetória de sua mãe, Eunice Paiva (Fernanda Torres), durante a ditadura militar. Ambientado no Rio de Janeiro dos anos 1970, acompanhamos a rotina da família, que vive confortavelmente na frente da praia, numa casa sempre de portas abertas para receber os amigos.

Um dia, o engenheiro e ex-deputado Rubens Paiva (Selton Mello) é levado por militares, acusado de conspiração contra o governo, e nunca mais voltou para casa. Sem vestígios e provas do paradeiro de seu marido, Eunice precisa se reinventar e traçar um novo futuro para si e os seus cinco filhos.

O filme do diretor Walter Salles explora não apenas o drama pessoal de Eunice, mas também o impacto do regime militar na vida de milhares de famílias brasileiras. Com uma narrativa profunda e sensível, Ainda Estou Aqui traz à tona questões de perda, coragem e resiliência, enquanto revisita um dos períodos mais sombrios da história do Brasil.

A trama, então, nos leva pelo período após o desaparecimento de Rubens Paiva, retratando a perseguição enfrentada pela família e a luta de Eunice em manter o bem-estar de seus filhos e a buscar respostas para o sumiço do marido. Vale lembrar que ela também foi capturada e ou dias sob interrogatório policial até poder retornar para casa.

A sensação de perda que a narrativa provoca é profunda, daquelas que apertam e nos fazem refletir. A produção é um tributo à força de Eunice Paiva, cuja busca pela verdade sobre o destino de Rubens se estenderia por décadas, se tornando uma figura central na luta pelos direitos humanos no país.

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Em uma das melhores atuações do ano, Fernanda Torres está brilhante em cena, ando da dona de casa de classe média alta para uma vítima do regime militar, explorando toda a força de sua protagonista. Como Rubens Paiva, Selton Mello impressiona na semelhança física e está ótimo no papel do homem que tentava manter escondida a ajuda dada às pessoas que precisavam fugir da perseguição da ditadura, em contraste com a vida comum de um pai de família divertido.

Se há algo aqui que se sobressai é a qualidade de todo o elenco e do incrível trabalho na recriação dos personagens reais, com coadjuvantes como Humberto Carrão, Maeve Jinkings, Daniel Dantas e Dan Stulbach. Como esperado, nenhuma participação especial é tão impactante como a de Fernanda Montenegro, que interpreta a versão mais velha de Eunice Paiva. Ela protagoniza a cena mais intensa do filme, daquelas que é impossível não se emocionar, e que deixa a sala de cinema em um completo e respeitoso silêncio.

Conhecido por seu olhar sensível, Walter Salles retorna ao cenário internacional após os aclamados Central do Brasil (1998) e Diários de Motocicleta (2004). O diretor mais uma vez aposta em questões fundamentais, em tons políticos, filosóficos e cinematográficos, como memória e identidade.

Tecnicamente impecável, o filme apresenta a excelente fotografia de Adrian Tejido, que inicia com a ensolarada praia carioca, porém, quando Rubens sai de cena, o tom sombrio toma conta da narrativa, e a casa da família a de acolhedora para intimidadora.

Escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para representar o Brasil na disputa por uma vaga na categoria de Melhor Filme Internacional no Oscar, Ainda Estou Aqui possui grandes chances de ser indicado. Afinal, poucos filmes irão emocionar com um drama simples, mas universal sobre família e afeto. O grande filme do ano até o momento. Extremamente necessário e imperdível.

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Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Cultura e entretenimento 2w6762

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson 6g4xh

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O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

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Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

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Brasil e mundo 12h5a

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio 6t4rw

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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