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Brasil e mundo

Mudanças no financiamento da Caixa esfriam mercado imobiliário, dizem especialistas

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Anunciadas em meados de outubro, as novas regras do financiamento imobiliário da Caixa Econômica Federal preveem redução na porcentagem do valor total financiado, valor máximo de imóvel de R$ 1,5 milhão e limitação de apenas um financiamento ativo por pessoa (ou unidade familiar). O pacote de mudanças acaba dificultando o o ao crédito imobiliário da CEF, que hoje é responsável por quase 60% do valor financiado em todo o país, segundo dados da Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança, a ABECIP. O efeito esperado é a redução no crédito total disponibilizado aos compradores de imóvel. 

Para Paulo Prado, especialista em crédito imobiliário há mais de 25 anos, essa pode ser uma medida restritiva mais drástica da CEF que acaba refletindo em uma união de fatores que desfavorecem a disponibilidade de crédito no cenário atual do país:  

“As especulações giram em torno de duas questões: primeiro, um volume maior de empréstimos no crédito do Minha Casa Minha Vida. Lembrando que o MCMV é um produto que dá menos rentabilidade para Caixa dentro do crédito imobiliário, então, se você tem volume demais nesse produto, você acaba tendo um impacto no orçamento de resultado. E um segundo problema que se especula é um volume de depósitos na poupança muito baixo em relação aos saques. […] A principal origem do dinheiro do crédito imobiliário é a poupança, e, se você tem um número de saques maior do que o número de entradas, isso complica também o dinheiro disponível. Você a a ser obrigado a usar dinheiro de outras fontes que são mais caras e complica mais ainda essa questão orçamentária interna.” 

Paulo Prado já atuou em grandes bancos nacionais como o Santander e em fintechs especializadas em crédito para imóveis. Para ele, as medidas podem ter impacto menor no mercado se forem utilizadas por pouco tempo. Mesmo assim, ele explica que o desaquecimento nas vendas de imóveis residenciais nesse período será um efeito sentido no mercado como um todo: 

“Você tem menos crédito disponível, você vai ter um mercado menos aquecido, vai ter menos venda. Os outros bancos não vão suprir esse gap da caixa, não haverá uma movimentação nos outros bancos para aumentar o volume de crédito – acho pouco provável principalmente no final do ano. Os outros bancos também têm questões orçamentárias envolvidas, eles têm o mesmo cenário da Caixa. Então, esse gap que a Caixa está deixando não será absorvido por ninguém. Por sua vez, você tem uma desaceleração de alguns perfis de venda nesse período. Qual vai ser o tamanho do impacto no mercado é muito difícil de prever ainda, até porque não sabemos exatamente quanto vai ser o tamanho do volume que a Caixa vai deixar de emprestar [em financiamentos], mas a desaceleração do mercado imobiliário vai acontecer.“ 

O efeito causado para o comprador de imóveis será sentido no bolso. Ronal Balena, CEO da startup imobiliária MySide e especialista em investimento imobiliário, aposta na hipótese de as taxas de juros dos outros bancos aumentarem como resposta ao enxugamento do mercado de crédito:  

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Tende a ter um aumento nos juros e por dois motivos: primeiro que os outros bancos vão ser um pouco mais restritivos, e aumentar juros é um jeito de ser mais restritivo, e segundo que a Caixa e todos os outros bancos com a poupança se esvaziando, vão captar de outros fundos, de outros fontes de recursos, que são mais caras que a poupança para eles, então a tendência é de aumentar, sim. O quanto vai esfriar o mercado e o quanto vai aumentar os juros é difícil dizer. […] mas a tendência é, seguramente, nessa direção.”

Entenda as novas regras de financiamento imobiliário pela Caixa Econômica

A principal mudança no crédito imobiliário está na redução da porcentagem do valor financiado, que eram até 70% do valor total do imóvel, para no máximo 50% pela tabela Price, e de 80% para 70% na tabela SAC, impactando diretamente no aumento do valor de entrada do bem. As mudanças também incluem teto de R$ 1,5 milhão do valor total do imóvel, dentre outras previstas para os imóveis residenciais. As regras am a valer a partir de 1 de novembro, os contratos fechados até lá não sofrerão alterações. 

Confira ao pacote de novas regras do financiamento imobiliário com a Caixa Econômica Federal

Brasil e mundo

Pergunte à Alexa, é um caminho sem volta

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O mundo tem parecido uma grande confusão. É difícil decifrar o tempo vivendo nele, mas aquela sensação tem a ver com o aumento da produtividade. Em séries antigas de tevê, como Jornada nas Estrelas e Perdidos no Espaço, os personagens não fazem trabalho braçal. Máquinas e robôs fazem tudo. É o que está acontecendo.

Nos últimos anos, a produtividade acelerou muito, assim como o desemprego. Tudo agora é virtual, no celular. Os bancos, os escritórios, dois exemplos, não têm mais quase funcionários. A gente sabia que ia acontecer, como sabe que, logo ali, não se vai mais usar gasolina para mover veículos. De uma hora pra outra a mudança vem, o mundo vira do avesso e revoluciona a vida das pessoas.

Antes a economia era estável, por quê? Porque tudo era essencial. Hoje, com a produtividade alta, a maioria das coisas deixou de ser essencial. Agora compramos uma caneta por achá-la bonita, não porque precisamos dela. Roupas, a mesma coisa. Muitas coisas estão assim. Carros, tendo transporte de aplicativo, pra que comprar?

Quando há uma crise, a economia tranca porque 95% das coisas que compramos foi porque nos convenceram a comprar. Não são necessárias, e, ainda mais depois da pandemia, nos demos conta de que amos muito bem sem elas.

Nesse mundo novo, estamos sendo obrigados a inventar necessidades pra justificar o nosso trabalho. Mais ou menos como o barman que faz malabarismo com os copos pra se diferenciar.

Se a economia tranca e resolvemos economizar, só compramos comida e água; é o que todo mundo faz. Então, a economia tem que ser muito mais bem istrada, para não ter esses solavancos. Tudo mudou, e isso ficou mais claro nos últimos cinco anos. É como a água que vai batendo num castelo de areia, numa hora ele cai.

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Nos próximos anos, vão ocorrer mais modificações.

Estão tentando obter energia por fusão nuclear. Já estão conseguindo, falta controlar a reação, para poder concentrá-la.

Uma quantidade mínima de hidrogênio, elemento mais abundante no universo, se transforma numa quantidade colossal de energia, e limpa. Assim, uma pequena usina — instalada digamos em São Paulo — poderá fornecer energia para todo o Brasil, a custo baratíssimo.

Quando controlarem o H, vão acabar as hidrelétricas, acabar a extração do petróleo para uso combustível. Petróleo poderá ser usado ainda, mas na petroquímica (nylon, plástico etc.).

Já estão fabricando em laboratório até alimentos ricos em proteína como substitutos da carne, e mais baratos. Daqui 20, 30 anos, áreas onde hoje se planta e há gado vão ficar pra vida selvagem. Vastas áreas serão devolvidas à natureza. Dois terços do Brasil, estima-se.

Outra coisa que vai evoluir é a IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar. IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa.

Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar.

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A liberdade sagrada das redes

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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