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Cultura e entretenimento 2w6762

O APRENDIZ, a história de Trump. Por Déborah Schmidt 3j283m

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O Aprendiz acompanha a ascensão da carreira de um dos maiores e mais polêmicos empresários dos Estados Unidos: Donald Trump. A trama segue o jovem Trump (Sebastian Stan) na cidade de Nova York entre os anos 70 e 80, buscando erguer o império de negócios imobiliários da família enquanto tenta fugir do governo americano e de um importante processo judicial. Para isso, ele conta com a ajuda do impiedoso advogado Roy Cohn (Jeremy Strong), em uma relação na qual Trump aprende todos os artifícios e os truques necessários para mentir, trapacear e sair por cima.

Dirigido pelo cineasta iraniano Ali Abbasi, do ótimo Holy Spider (2022), e com o roteiro de Gabriel Sherman, a primeira versão que vemos de Trump é a de um jovem ingênuo, sonhador e desacreditado pelo pai. Somente após conhecer Cohn que ele ganha confiança. Logo, de um jovem subestimado, ele se transforma no símbolo do capitalismo desenfreado, acumulando riqueza às custas dos outros. A narrativa aproveita para traçar paralelos entre a trajetória de Trump e a política norte-americana, utilizando vídeos de arquivo de discursos presidenciais intercalados com cenas da vida do empresário.

Com uma interpretação fantástica, Sebastian Stan surpreendeu quem esperava uma personificação caricata de Donald Trump, como muitas daquelas imitações que já vimos anteriormente, especialmente na comédia. De forma certeira, a atuação de Stan vai aderindo aos poucos aos maneirismos do ex-presidente, como o biquinho e o gestual característico durante os discursos. Igualmente espetacular em cena, Jeremy Strong encarna Roy Cohn como homem poderoso e ambicioso, em uma dinâmica de médico e monstro que se intensifica conforme Donald Trump vai sugando todos os aprendizados de seu mentor.

Para fugir (pelo menos um pouco) da caricatura de Trump, vemos um excelente trabalho de maquiagem, apostando até em um comedido tom de laranja. Em uma transformação visual, o longa cria um design de produção extravagante, assim como o figurino luxuoso, em cenários frequentemente banhados em tons dourados que reforçam a obsessão do personagem pelo dinheiro. A fotografia de Kasper Tuxen, de A Pior Pessoa do Mundo (2021), reflete cada época com perfeição, com filtros que remontam a aparência de TV, com o granulado nos anos 70 e uma imagem mais limpa nos anos 80, que se também reflete na trilha sonora com clássicos de bandas como New Order e Pet Shop Boys.

Em 2016, Donald Trump se tornou o 45º presidente dos Estados Unidos. O filme faz pequenas referências em torno do cenário político do país e brinca com a possibilidade do jovem Trump se tornar presidente. A produção irritou Trump com inúmeras de suas polêmicas retratadas na cinebiografia, como a própria relação com Roy Cohn, que morreu de AIDS em 1986, os procedimentos estéticos e, principalmente, seu relacionamento com sua primeira esposa, a tcheca Ivana Trump (Maria Bakalova), com agens por seu contexto familiar e sua visão de negócios, e também por mostrar uma impactante sequência de violência sexual.

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Enquanto Donald Trump reclama que o filme poderia “atrapalhar” sua candidatura nas eleições de 2024, nada do que é visto durante o filme realmente surpreende vindo do comportamento de Trump. A agem do jovem para o homem frio, inescrupuloso e disposto a fazer de tudo para conquistar seus objetivos é construída na sutileza de detalhes. O tempo avança e Trump vai incorporando os mantras de Cohn, em especial suas três “regras de ouro”, em táticas que ele usaria décadas depois, como não reconhecer a derrota na reeleição em 2020.

Exibido na competição pela Palma de Ouro no Festival de Cannes deste ano, O Aprendiz está em cartaz nos cinemas. Com atuações memoráveis, é uma comédia sarcástica sobre um personagem controverso e de moral questionável.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Cultura e entretenimento 2w6762

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson 6g4xh

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O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

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Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

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Brasil e mundo 12h5a

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio 6t4rw

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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