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Cultura e entretenimento

Poema: Bom dia, sol. Por Hector Szechir

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Estendia tentada a nuvem semiótica
Entre tantos tempos, centro norte ilógico
Sopro do menino à maestral vista
E ao inclinar, paletas de ciência prisma

Despertava amada a aurora branca
Espiando pelo ponto ondulado do telhado
Onde cobre e protege a manta santa
Alba de dia claro ao canto despertado

Recado tropical sem tomar vinda
Presenciei o raiar da luz pelo cessar da chuva
Por dias prevendo fresta que finda
Cobrindo em perdão feridas como luva

Breu partia sem o último beijo
Mas ao embaçar de névoas rosas
Eis a fonte pela curva de seu receio
Para o sibilo da revoada curar mossas

Peito cheio, ponto central ao final da cena
Zarpava imediato ao alçar atrasado
Mas sabia onde chegar, pois tanto era esperado
Abraçado e beijado de segunda a sexta

E tão felizes estavam por ter consigo
Não havendo martelos estrondosos à demora
A razão são as asas descansarem quando bem-vindo
Não trazendo castelos temerosos à aurora

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Terra endurecida, pegada dita fala
Nimbos iguais acenavam e abriam alas
Céu azul, tímido por tanto tempo não vir
Hão de ainda lembrar os campos a subir?

“Eu vou mostrar ao céu o que é dia”
Desconheço o amanhecer adormecido
Travessias guiavam aonde havia crescido
E a rua era levada por corrida e alegria

Longínquo reluzia a vivência de um filme
E as semióticas tão vívidas carregavam um momento
Ideal em cada moldura de um sorriso que rime
Durável à escassez de tinta ao sustento

Tantos conformes a um sonho vivido enfim
Reinado entre campos sustentados e exaltados
Amargo o sol avulso deste bem seguir
E jamais revisitar, da benção aos visitados

Quilômetros ao horizonte, lonjura por perto
Há de estrela caçar a voar
E não há promessa de voltar
Estado próprio, distingue certo de deserto

Facetado em todas as cores do céu
A vagar, jamais vago em um reino a brilhar
Apagam-se as estrelas para os eternos véus

Mas encontro na planta em que sei que vou regar
Diante do sol em que cada dia o teu nasceu
Enfim o bom dia, meu bem, há de chegar

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Hector Szechir é estudante de jornalismo, escritor e poeta. Ávido ouvinte de música e leitor de livros.

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Cultura e entretenimento

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson

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O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

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Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

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Brasil e mundo

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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