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Cultura e entretenimento 2w6762

‘Zona de interesse’ é um filme pesado, mas imperdível. Por Déborah Schmidt 2703q

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Durante a Segunda Guerra Mundial, Rudolf Höss (Christian Friedel), um comandante de Auschwitz, sua esposa Hedwig (Sandra Hüller) e os filhos desfrutam de uma vida aparentemente comum e bucólica. Mas, por trás da fachada de tranquilidade, a família vive, na verdade, ao lado do campo de concentração de Auschwitz.

Com a magnífica direção de Jonathan Glazer (merecidamente indicado ao Oscar), que se nega a explicar qualquer detalhe da trama, Zona de Interesse apenas explora a trajetória de uma família vivendo em um subúrbio qualquer. A primeira cena, com os personagens em um lago se banhando durante um dia de verão, expressa justamente essa naturalidade em forma de estranheza com a qual o cineasta conduz seu filme.

Adaptando o romance homônimo de Martin Amis, Glazer parece não questionar os motivos de cada crueldade cometida, nem mesmo as motivações da família Höss. Do belo jardim com piscina, vemos muros em volta com arames farpados, uma contínua fumaça preta no céu e barulhos violentos, vindos de tiros, sirenes ou gritos de prisioneiros no campo de concentração. A narrativa está mais interessada em mostrar como o holocausto foi normalizado por essas pessoas, que mantinham suas vidas confortáveis, sem que se sentissem abaladas ou afetadas.

Iniciando com uma tela completamente preta e uma sonorização propositalmente desconfortável, a cinematografia acinzentada do polonês Lukasz Zal, indicado ao Oscar pelo belíssimo Guerra Fria (2018), faz um excelente trabalho na construção de planos que contrastam a beleza do local com as atrocidades que eram cometidas. Como mencionei, o grande destaque do filme fica para o trabalho poderoso do design de som de Tarn Willers e Johnnie Burn. É daqui que parte o contato com todos os sons assustadores vindos de Auschwitz. É uma experiência sonora realmente marcante e perturbadora, com o som, e até mesmo o silêncio, impactando sem nunca mostrar o que realmente está acontecendo.

Assim como no fantástico Anatomia de uma Queda, que lhe rendeu uma indicação ao Oscar, Sandra Hüller tem mais um desempenho espetacular e que, assim como Christian Friedel, a perfeitamente a indiferença de seus personagens, que só se preocupam com os seus interesses.

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Com 5 indicações ao Oscar, e com a estatueta de melhor filme internacional praticamente garantida, o longa é um retrato do lado mais sombrio da humanidade, que choca pela perversidade e pela frieza da família sobre o que estava acontecendo ao seu redor.

Mesmo sem suspense, tensão ou cenas de violência explícita, Zona de Interesse é um filme pesado como poucos conseguem ser. Abordando o horror do nazismo através de uma perspectiva única, é um filme simplesmente imperdível.

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1 Comment

1 Comments 1i3i2l

  1. Felipe Rodrigues

    01/03/24 at 06:32

    Excelente! Vou sssistir!

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Cultura e entretenimento 2w6762

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson 6g4xh

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O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

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Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

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Brasil e mundo 12h5a

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio 6t4rw

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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