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Cultura e entretenimento

NADA DE NOVO NO FRONT (Por Déborah Schmidt)

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Nada de Novo no Front acompanha Paul Bäumer (Felix Kammerer), um soldado alemão que se vê na linha de frente durante a Primeira Guerra Mundial. Ele e seus amigos se alistaram voluntariamente no exército, movidos por uma visão patriótica e ingênua do que realmente é estar em um campo de guerra. Conforme vão se deparando com a brutal realidade da guerra, o ponto de vista de cada um vai mudando.  

O filme é uma nova adaptação para o clássico de 1930 Sem Novidade no Front, vencedor do Oscar de melhor filme e direção para Lewis Milestone. Baseado no livro homônimo de Erich Maria Remarque, o filme marca a primeira vez que a obra é adaptada no alemão original, em uma tentativa de mostrar um ponto de vista diferente sobre a guerra, o lado derrotado.

Com direção de Edward Berger, o longa impacta ao apresentar uma trincheira repleta de ratos e companheiros mortos, além de mostrar como ideais são vendidos para atrair jovens para a guerra. O roteiro de Ian Stokell, Lesley Paterson e do próprio diretor explora uma narrativa diferente do que estamos acostumados a ver em outros filmes do gênero. No longa alemão, tudo é mais lento e pesado. Entretanto, esse ritmo arrastado faz todo o sentido para a narrativa. Afinal, Bäumer e seus companheiros estão presos em uma das tantas trincheiras do front e a espera e a apreensão é uma marca do conflito.

A todo o momento, vemos o contraste entre a realidade de quem está no campo de batalha e a segurança dos senhores da guerra, ou seja, generais com discursos fáceis e palavras bonitas que convenceram jovens a arriscarem suas vidas. Assim, enquanto as tropas estão bebendo água podre e se alimentando com restos, eles seguem com seus banquetes e muito longe das bombas e dos tiros. Neste contexto político, temos o personagem de Daniel Brühl, que interpreta o escritor e político alemão Matthias Erzberger, um diplomata que negocia a rendição da Alemanha na França no final da guerra.  

Tecnicamente excepcional, a fotografia em cores frias deixa a produção com uma magnitude ainda mais épica, seja em cenas nas trincheiras ou em campo aberto. Angustiante, o destaque vai para a cena onde o protagonista parece finalmente se dar conta da loucura que é a guerra. Preso na terra de ninguém diante de um soldado francês, eles lutam até a morte para, somente quando é tarde demais, perceberem o quanto são iguais.  

Escolhido pela Alemanha para representar o país na corrida de melhor filme internacional no Oscar, Nada de Novo no Front está disponível na Netflix. Impactante, é um dos melhores filmes já produzidos sobre a Primeira Guerra Mundial.  

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Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Cultura e entretenimento

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson

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O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

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Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

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Brasil e mundo

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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