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Na França de 1963, Anne (Anamaria Vartolomei) é uma estudante com um futuro promissor. No entanto, ela descobre que está grávida, em um período na qual o aborto é ilegal no país. O filme acompanha a difícil jornada da protagonista para interromper uma gravidez inesperada e indesejada.
Baseado no livro homônimo escrito por Annie Ernaux, acompanhamos 1h40 de uma narrativa tensa e desesperadora. O longa detalha, com direito a sequências chocantes e difíceis de assistir, a busca angustiante de Anne, mas também a indiferença ao seu redor. Afinal, nas poucas vezes em que menciona a alguém a decisão de abortar, a reação é sempre a mesma: todos a deixam ainda mais sozinha. Vale ressaltar que o aborto era criminalizado na França nos anos 1960, ou seja, ao desejar interromper a gravidez, Anne se tornaria criminosa, assim como quem tentasse ajudá-la.
Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza, o drama francês é dirigido por Audrey Diwan, que assina o roteiro ao lado de Marcia Romano. A produção acerta ao discutir como que o tabu em torno do aborto na sociedade e a criminalização do procedimento colocam em risco a saúde e a vida de mulheres.
No cinema, muitos filmes já exploraram o tema, mostrando a complexidade de mulheres lidando com o aborto de diversas formas, como O Segredo de Vera Drake, do renomado diretor britânico Mike Leigh e indicado a 3 Oscars, o romeno 4 Meses, 3 Semanas e 2 Dias, vencedor da Palma de Ouro em Cannes e, recentemente, Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre, uma das grandes sensações do cinema independente.
Disponível na HBO Max, O Acontecimento é o retrato cruel de uma realidade que, mesmo que quase 60 anos depois, mostra que o aborto ainda é um tema urgente que representa a luta pelos direitos das mulheres. Um filme atual e indispensável.
