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Cultura e entretenimento 2w6762

IDENTIDADE. Por Déborah Schmidt 3x583f

Identidade é um elogiado drama racial que está disponível na Netflix. Estreia na direção da atriz Rebecca Hall, o longa é todo em preto e branco e aborda de forma sutil questões raciais, sociais e culturais

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Disponível na Netflix, o elogiado drama racial Identidade apresenta duas mulheres negras que conseguem se ar por brancas, mas que decidem viver em lados opostos em um período de segregação racial.Amigas na infância, Irene (Tessa Thompson) e Clare (Ruth Negga) se reencontram na vida adulta em Nova York.

Irene é uma dona de casa e ativista social que vive no Harlem ao lado do marido (André Holland) e filhos negros. Igualmente de pele clara, a elegante e ambiciosa Clare, além de se ar por branca, é casada com um banqueiro branco e racista (Alexander Skarsgård).

Em sua estreia na direção, a atriz Rebecca Hall também assina o roteiro, que é uma adaptação do romance homônimo de Nella Larsen, lançado em 1929. A obra é considerada até hoje como um marco do chamado “renascimento do Harlem”, um dos bairros negros mais famosos dos Estados Unidos. 

Conhecemos Irene percorrendo o bairro de Manhattan, predominantemente branco, na década de 1920. Ela é uma mulher negra se “ando” por branca que consegue facilmente interagir em um ambiente rico sem se preocupar com racismo. Durante o eio, Irene reencontra Clare e se surpreende ao descobrir que a antiga amiga constantemente se “a” por branca e que seu marido racista desconhece a verdadeira cor da esposa.

Por mais surreal que possa parecer, o filme é inspirado em casos reais de pessoas que se “avam” por outra raça para escapar de convenções legais e sociais de segregação racial e discriminação. O filme tem em seu título original “ing” (agem), que confirma as motivações das protagonistas e que destoa completamente do título nacional de “Identidade”, visto que o que elas desejam esconder é exatamente as suas reais identidades.

A forte, e cada vez mais constante, presença de Clare na vida de Irene desperta velhos sentimentos. A tensão entre as duas é social, afetiva e sexual, e é evidente que há uma atração e uma repulsão mútuas. Clare vive em um mundo fantasioso e inveja Irene pelo simples fato de que a amiga não vive uma mentira. Para Clare, Irene é feliz e se sente segura. Entretanto, essa sensação não a de uma ilusão. Na maior parte das cenas, Irene anda com o olhar baixo e sempre coloca um chapéu como se pudesse se esconder ou se tornar invisível. “Não estamos todos nos ando por alguma coisa, no fim das contas?”, pergunta Irene em um determinado momento para o amigo Hugh (Bill Camp).

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Filmado na proporção de tela 4:3, que troca o formato retangular por um “quadrado” que aumenta a sensação de aprisionamento, a belíssima fotografia em preto e branco de Eduard Grau utiliza luz e sombra conforme as mudanças ocorrem.

Delicado e elegante, Identidade aborda questões raciais, sociais e culturais de forma bastante sutil. Com uma direção competente e atuações marcantes, é um filme que merece ser visto.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Cultura e entretenimento 2w6762

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson 6g4xh

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O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

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Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

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Brasil e mundo 12h5a

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio 6t4rw

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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