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Os dramas humanos “universais”. Por Montserrat Martins 6w5a2c

Machado de Assis é o nosso “Shakespeare brasileiro”, nosso escritor mais consagrado

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Vivemos em época de resgate das questões “identitárias” em que se debatem o racismo e o machismo, as questões da identidade de gênero e da sexualidade, debates que envolvem as relações sociais de modo amplo. Uma pergunta a ser feita é, além de todas as questões específicas, relativas a cada identidade pessoal, existem dramas humanos “universais” no qual todos nós seríamos diretamente afetados, independentemente de nossas questões pessoais específicas?

Shakespeare é o protótipo de um autor “universal” cujas histórias atravessaram séculos e fronteiras e são capazes de emocionar a todos, com conflitos que podem ser aplicados às mais diversas situações, como por exemplo a do “amor proibido” de Romeu e Julieta. Onde prevalecem preconceitos de qualquer tipo haverá sempre “amores proibidos”, seja por preconceitos étnicos, de identidade de gênero, de qualquer questão que famílias ou segmentos da sociedade colocarem como entrave aos relacionamentos.

“As mil e uma noites” é outro exemplo de história de difusão universal, onde a personagem Scherazade luta para sobreviver a um rei que decapitava todas as mulheres que desposava, até então. Há algo mais universal que a luta pela sobrevivência?

Machado de Assis é o nosso “Shakespeare brasileiro”, nosso escritor mais consagrado pela crítica literária a nível nacional e internacional, mas aqui no Brasil enfrenta críticos que lhe cobram não ter explicitado a questão racial, mesmo ele sendo um escritor negro.

Roberto Schwarz apresenta uma bela análise da obra machadiana em “Matinha versus Lucrécia” cujo título remete à crônica “O punhal de Martinha”, de Machado de Assis, onde aquele faz uma comparação entre a Martinha que usou o punhal contra o homem que a injuriou, em contraste com a Lucrécia da história clássica que usou o punhal em si mesmo.

O que o livro de Schwartz mostra é que as questões sociais sempre estiveram presentes na obra do nosso autor maior, só que não em forma de bandeira identitária mas na forma de dramas universais. Outros autores, ali citados, se deram ao trabalho de examinar o conjunto da obra machadiana e identificar nela inúmeras questões sociais subjacentes.

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O estilo sutil, único, de nosso mestre das letras não lhe permite ser identificado como um denunciador de perversidades sociais, como o fazem os lutadores que carregam bandeiras com discursos panfletários, dando vazão aos plenos pulmões às revoltas contra as injustiças. Examinado mais de perto, se viu que fazia isso com a sutileza de seu estilo elegante, que o fez também ultraar séculos e fronteiras, sendo hoje reconhecido e estudado no exterior. Na luta contra o injusto, a sutileza também é uma arma de valor, mas nem todos compreendem isso, o que também faz parte da diversidade.

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Brasil e mundo 12h5a

Pergunte à Alexa, é um caminho sem volta 3k3f1r

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O mundo tem parecido uma grande confusão. É difícil decifrar o tempo vivendo nele, mas aquela sensação tem a ver com o aumento da produtividade. Em séries antigas de tevê, como Jornada nas Estrelas e Perdidos no Espaço, os personagens não fazem trabalho braçal. Máquinas e robôs fazem tudo. É o que está acontecendo.

Nos últimos anos, a produtividade acelerou muito, assim como o desemprego. Tudo agora é virtual, no celular. Os bancos, os escritórios, dois exemplos, não têm mais quase funcionários. A gente sabia que ia acontecer, como sabe que, logo ali, não se vai mais usar gasolina para mover veículos. De uma hora pra outra a mudança vem, o mundo vira do avesso e revoluciona a vida das pessoas.

Antes a economia era estável, por quê? Porque tudo era essencial. Hoje, com a produtividade alta, a maioria das coisas deixou de ser essencial. Agora compramos uma caneta por achá-la bonita, não porque precisamos dela. Roupas, a mesma coisa. Muitas coisas estão assim. Carros, tendo transporte de aplicativo, pra que comprar?

Quando há uma crise, a economia tranca porque 95% das coisas que compramos foi porque nos convenceram a comprar. Não são necessárias, e, ainda mais depois da pandemia, nos demos conta de que amos muito bem sem elas.

Nesse mundo novo, estamos sendo obrigados a inventar necessidades pra justificar o nosso trabalho. Mais ou menos como o barman que faz malabarismo com os copos pra se diferenciar.

Se a economia tranca e resolvemos economizar, só compramos comida e água; é o que todo mundo faz. Então, a economia tem que ser muito mais bem istrada, para não ter esses solavancos. Tudo mudou, e isso ficou mais claro nos últimos cinco anos. É como a água que vai batendo num castelo de areia, numa hora ele cai.

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Nos próximos anos, vão ocorrer mais modificações.

Estão tentando obter energia por fusão nuclear. Já estão conseguindo, falta controlar a reação, para poder concentrá-la.

Uma quantidade mínima de hidrogênio, elemento mais abundante no universo, se transforma numa quantidade colossal de energia, e limpa. Assim, uma pequena usina — instalada digamos em São Paulo — poderá fornecer energia para todo o Brasil, a custo baratíssimo.

Quando controlarem o H, vão acabar as hidrelétricas, acabar a extração do petróleo para uso combustível. Petróleo poderá ser usado ainda, mas na petroquímica (nylon, plástico etc.).

Já estão fabricando em laboratório até alimentos ricos em proteína como substitutos da carne, e mais baratos. Daqui 20, 30 anos, áreas onde hoje se planta e há gado vão ficar pra vida selvagem. Vastas áreas serão devolvidas à natureza. Dois terços do Brasil, estima-se.

Outra coisa que vai evoluir é a IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar. IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa.

Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar.

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Cultura e entretenimento 2w6762

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson 6g4xh

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O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

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Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

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