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Brasil e mundo

ESSE TEXTO DESTRÓI A IDEIA DO ISOLAMENTO VERTICAL

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CONSIDERANDO-SE QUE

a) A letalidade efetiva da Covid-19 é relativamente baixa (por volta de 1%, talvez),

b) A quase totalidade das pessoas que morrem são idosos ou de saúde frágil,

c) O isolamento total provocará uma brutal recessão,

ENTÃO é melhor limitarmos o isolamento às pessoas pertencentes aos grupos de risco, e deixarmos todo o resto trabalhar normalmente. Simples, não?

Conforme ensinou H. L. Mencken, para todo problema complexo, existe uma solução simples — e errada. Vejamos:

1) O 1% que morre não cai morto de repente. Ele primeiro fica doente. E ocupa um leito de hospital por cerca de 2 semanas antes de morrer.

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2) Os 99% que sobrevivem não têm uma “gripezinha” e seguem em frente: cerca de 20% deles ficam doentes, e precisam de hospital.

3) Como o número de doentes crescerá exponencialmente, o sistema de saúde entrará em colapso. Sem atendimento médico, boa parte dos 99% que sobreviveriam, não sobreviverá. A taxa de letalidade será muito mais alta do que o suposto 1%.

4) O grande número de doentes causará enorme exposição nos profissionais de saúde, que ficarão, também eles, doentes. Muitos morrerão. O adoecimento de médicos e enfermeiras agravará o problema.

5) Sem vagas nos hospitais, pessoas que, de outra forma, não morreriam, morrerão. Estamos falando de gente de fora dos grupos de risco que vai morrer de infarto, AVC, preeclampsia, acidente de automóvel, queda no chuveiro etc. etc.

6) A ideia de que se possa manter uma “normalidade”, de que as pessoas possam continuar a trabalhar e consumir como se nada houvesse, enquanto veem, à sua volta, pessoas adoecendo e morrendo, não é realista. As pessoas que vão adoecer e morrer não são marcianos: são nossos pais, parentes, cônjuges, amigos, colegas de trabalho. Não existe normalidade quando as vítimas se multiplicam a cada dia.

7) Se a pandemia sair do controle, o número de mortos pode chegar à casa das centenas de milhares, talvez dos milhões. Não, não é exagero: a Inglaterra trabalha com a hipótese de o contágio chegar a 80% da população; na Alemanha, fala-se de algo entre 40% e 70%. Se, no Brasil, chegar a 30% da população (deve ser mais) com uma letalidade de 1% (vai ser muito mais), estamos falando de mais de 600 mil mortos. Significa que uma enorme quantidade de trabalhadores vai perder pais, parentes, amigos. Ninguém vai ter ânimo para trabalhar. Teremos uma depressão econômica resultante de uma depressão emocional.

8) Não adianta tapar o sol com a peneira: a recessão econômica é inevitável. Em vez de procurarmos soluções milagrosas e irrealistas para fazê-la desaparecer, deveríamos encarar o fato de que é preciso reduzir o contágio a zero, e o isolamento horizontal é única maneira de fazê-lol a curto prazo.

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9) Quanto mais cedo o isolamento ocorrer, mais cedo o contágio estará zerado, menos sobrecarregado ficará o sistema de saúde e mais curta será a recessão.

10) Com o contágio zerado e o sistema de saúde funcional, haverá calma e tranquilidade para se pensar em como vamos sair dessa. Aí pode-se falar em flexibilização gradual — mas com planejamento, não da maneira maluca que o irresponsável que nos (des)governa defende — de preferência com testagem maciça.

11) Não custa lembrar, nós já vimos o isolamento “vertical” na prática. Foi na Itália: eles fizeram o isolamento “vertical”, o número de casos explodiu, e o governo voltou atrás. Resultado: ontem a Itália bateu a marca de 10 mil mortos, e a recessão será mais longa e mais profunda do que seria se não tivessem insistido na solução milagrosa — e falsa — do isolamento vertical.

12) A discussão sobre isolamento “vertical” é uma perda de tempo e energia. A discussão que interessa é como garantir sustento econômico para que a maior parte da população possa subsistir sem trabalhar enquanto o isolamento horizontal for necessário.

13) Por fim, aqui vai uma pergunta para quem (apesar de tudo que leu acima) ainda insiste na tese do isolamento vertical: quem na sua família você considera sacrificável?

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2 Comments

2 Comments

  1. Esteves

    30/03/20 at 12:56

    Enquanto os Brazucas dedicam-se a discussões IDEOLÓGICAS, na Itália iniciou-se a discussão de QUANDO e COMO a atividade econômica poderá ser retomada. A curva indica Maio o momento onde o vírus perderá sua atividade. POREM, muitas regiões, principalmente ao SUL (local mais quente), isto poderá ocorrer em ABRIL. Torcida para a primavera mostrar-se quente, melhor! Caros conterrâneos, por que não dedicar sangue suor numa discussão neste sentido, quantas atividades de planejamento e e necessitam ser tomada!

  2. Esteves

    30/03/20 at 03:18

    Alguns comentários adicionais, os quais precisam ser assimilados por todos.

    1) Somente a aplicação massiva de testes, medida que os USA está fazendo, é que contribuirá com os gestores de saúde. O teste em massa possibilita aos profissionais agirem a tempo. Veja o que diz o Dr. Didier Raoult. Como está o Brasil? Produz testes, ou também está importando aqueles testes da China, os quais 30% estão dando resultados falhos?

    2) Infelizmente é difícil comentar números confusos (99% / 20% do que? de 1%). O que sabemos e basta pesquisar em fontes sérias é que a taxa de mortalidade é baixa e atinge os idosos e grupos de risco/problemas crônicos;

    3) No Brasil, o sistema de saúde é falido, ninguém discutiu isto ontem, no ano ado, a cinco dez ou quinze anos com seriedade. A corrupção sugou de forma criminosa os recursos e hoje, temos esta herança apresentando a conta! Se um ônibus sofrer um grave acidente, lotará de feridos e mortos os recursos ai da cidade. Também, nõa é a falta de estrutura (humana e material) a grande culpada, mas a falta de tecnologia, knowhow e estrutura para responder prontamente a um cenário como este. Quem está discutindo isto?

    4) Os profissionais de Saude são os primeiros a pagar a conta, e conforme os números de fora do Brasil demonstram, já estão pagando alto. Precisamos fornecer toda a solidariedade a estes bravos profissionais e nosso desprezo pelas estruturas dos hospitais particulares de especialidades, que AINDA não foram disponibilizados para o combate neste guerra. Mais fácil adaptar um hospital/clinica de especialidade do que um centro de convenção. Quando os politico se ligarem para este recurso, será tarde. Parabéns aqueles donos de hospitais particulares de especialidades que estão se colocando a disposição;

    5) Importante lembrar, existe casos de mortes, principalmente de enfarto, de pessoas sensíveis submetidas a obscenidade das noticias. também precisamos lembrar os efeitos negativos em milhares de pessoas com problemas psicológicos e psiquiátricos sob esta quarentena;

    6) Ninguém com a sanidade mental está propondo voltar a normalidade. Querer levar a discussão para este embate demonstra um viés nada saudável e que evitarei comentar. Porém, apelo para o bom senso das pessoas, para um debate sem viés, onde o objetivo seja encontrar saídas, opções, tecnologias novas, para mitigar os problemas e minimizar os impactos negativos deste momento. existem tantas coisas proativa a sugerir, mas precisamos abrir esta discussão. Precisamos inaugurar um novo momento social e de mídia….

    7) Pandemia, por definição, já é uma situação fora do controle e que leva as autoridades a tomar medidas diferenciadas. Senhores, numero percentual de contaminação é chover no molhado e falar besteira. A infecção entrará em equilíbrio quando, a partir de 50% da população em um determinado momento, for infectada e a própria população (organismo humano) criar os anticorpos. Isto é um fato científico. O que deve ser avaliado, é a taxa de mortalidade de tal vírus. Pesquisem quantas pessoas morrem devido sarampo (voltou), H1N1, Rubéola (voltou), Meningite (voltou), Dengue, Chicungunha, Zica e diversos outras enfermidades típicas de países em desenvolvimento? Hey, não estou minimizando, mas buscando fazer voce, leitor, pesquisar e se indignar com o estado do seu país!!!!

    8) O isolamento horizontal é o remédio duro. Mas insano é esconder já existir sim uma quarentena vertical. Ou NEGA-se que os serviços essenciais dependem de serviços não essenciais? Hipocrisia,é não entender que um posto de gasolina, um hospital, clinica farmácia, Mercado (essenciais) DEPENDEM MUITO de eletricista, torneiro, encanador, lixeiro, borracheiro, do tão falado CAMIONEIRO, que está sem lugar para almoçar; dos técnicos e engenheiros que mantem as “utilities” (eletricidade, água, Internet). Será que as gôndolas dos super-mercados sõa magicamente abastecidas? Será, que aquela alface, tomate, batata, Arroz e Feijao e a carne que o Gaúcho tanto gosta são teletransportadas???? Nem vou falar de portos aeroportos, fiscalização, policia bombeiros…
    Ora ora ora, é uma tremenda HIPOCRISIA não itir a existência de uma rede de profissionais trabalhando para o pais não parar!
    Por que não encarar isto de frente, criar decretos claros e respeitosos com todos estes profissionais e categorias????
    Se os CAMIONEIROS levarem ao pé da letra a hipocrisia da horizontalidade da quarentena, ninguém aguenta UMA SEMANA;

    9) A itália (políticos) foi irresponsável no “timing” que determinou o fechamento do pais! Basta olhar os noticiários de fevereiro e março. O assunto italia daria um livro!

    10) O isolamento vertical JA EXISTE.

    Concluindo, gostaria de levantar um aspecto que AINDA não está sendo tratado!

    A discussão sobre o isolamento social, verticalizar atividades é válida e reitero que precisa ser tratada com seriedade.
    Porém, sugiro a todos os interessados iniciar a discussão sobre o inicio de um novo tempo, com racionamento, desemprego em massa, hiper-inflação, caos na segurança e claro na saúde.

    A falta de visão da maioria e seriedade na discussão dos fatos levará o pais a um atraso e risco que poderá beirar a guerra civil, sim, pense nisto! Pensem no pior, na falta de abastecimento, na fome, do fechamento do sistema de saúde e educacional, pelo menos na sua maioria…

    Voce de classe média, média-alta e alta, comece a encarar uma realidade de perda total de seu patrimônio, seja por não poder mais trabalhar como antes, como por confisco, hiper-inflação, demissões em massa e tudo de ruim que pode ocorrer.

Brasil e mundo

Pergunte à Alexa, é um caminho sem volta

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O mundo tem parecido uma grande confusão. É difícil decifrar o tempo vivendo nele, mas aquela sensação tem a ver com o aumento da produtividade. Em séries antigas de tevê, como Jornada nas Estrelas e Perdidos no Espaço, os personagens não fazem trabalho braçal. Máquinas e robôs fazem tudo. É o que está acontecendo.

Nos últimos anos, a produtividade acelerou muito, assim como o desemprego. Tudo agora é virtual, no celular. Os bancos, os escritórios, dois exemplos, não têm mais quase funcionários. A gente sabia que ia acontecer, como sabe que, logo ali, não se vai mais usar gasolina para mover veículos. De uma hora pra outra a mudança vem, o mundo vira do avesso e revoluciona a vida das pessoas.

Antes a economia era estável, por quê? Porque tudo era essencial. Hoje, com a produtividade alta, a maioria das coisas deixou de ser essencial. Agora compramos uma caneta por achá-la bonita, não porque precisamos dela. Roupas, a mesma coisa. Muitas coisas estão assim. Carros, tendo transporte de aplicativo, pra que comprar?

Quando há uma crise, a economia tranca porque 95% das coisas que compramos foi porque nos convenceram a comprar. Não são necessárias, e, ainda mais depois da pandemia, nos demos conta de que amos muito bem sem elas.

Nesse mundo novo, estamos sendo obrigados a inventar necessidades pra justificar o nosso trabalho. Mais ou menos como o barman que faz malabarismo com os copos pra se diferenciar.

Se a economia tranca e resolvemos economizar, só compramos comida e água; é o que todo mundo faz. Então, a economia tem que ser muito mais bem istrada, para não ter esses solavancos. Tudo mudou, e isso ficou mais claro nos últimos cinco anos. É como a água que vai batendo num castelo de areia, numa hora ele cai.

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Nos próximos anos, vão ocorrer mais modificações.

Estão tentando obter energia por fusão nuclear. Já estão conseguindo, falta controlar a reação, para poder concentrá-la.

Uma quantidade mínima de hidrogênio, elemento mais abundante no universo, se transforma numa quantidade colossal de energia, e limpa. Assim, uma pequena usina — instalada digamos em São Paulo — poderá fornecer energia para todo o Brasil, a custo baratíssimo.

Quando controlarem o H, vão acabar as hidrelétricas, acabar a extração do petróleo para uso combustível. Petróleo poderá ser usado ainda, mas na petroquímica (nylon, plástico etc.).

Já estão fabricando em laboratório até alimentos ricos em proteína como substitutos da carne, e mais baratos. Daqui 20, 30 anos, áreas onde hoje se planta e há gado vão ficar pra vida selvagem. Vastas áreas serão devolvidas à natureza. Dois terços do Brasil, estima-se.

Outra coisa que vai evoluir é a IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar. IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa.

Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar.

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Brasil e mundo

A liberdade sagrada das redes

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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