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Cultura e entretenimento 2w6762

Bacurau, memória dos esquecidos 38wj

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Pouco após a morte de dona Carmelita, aos 94 anos, os moradores de um pequeno povoado localizado no interior de Pernambuco, chamado Bacurau, descobrem que a comunidade não consta mais no mapa.

Quando carros se tornam vítimas de tiros e cadáveres começam a aparecer, os habitantes chegam à conclusão de que estão sendo atacados.

Ambientado em um futuro próximo, em Bacurau habitam diversas pessoas, cada um com seu jeito, porém o que está claro é o senso comum de coletividade e de união que existe entre eles.

Assim como as cidades que estão situadas no sertão no Brasil, Bacurau é uma localidade completamente isolada e esquecida pelos políticos, que só lembram de ir lá em época de eleição.

A comunidade local vive seus dias com tranquilidade e paz, apesar das dificuldades não resolvidas pela prefeitura. Porém, tudo começa a mudar quando um drone em forma de disco voador a a sobrevoar a região e, logo em seguida, eventos estranhos e violentos começam a acontecer. O clima de suspense é constante desde o início e vai aumentando conforme as bizarrices acontecem.

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Vencedor do Prêmio do Júri no Festival de Cannes, Bacurau é escrito e dirigido por Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles. A dupla constrói uma instigante trama social sobre uma cidade que desaparece e é tomada por inesperados inimigos. Mal sabem eles que os moradores aprenderam a desaparecer quando necessário, transformando sua invisibilidade em força e estratégia, como visto no encontro com o prefeito até a tensa cena final.

A ameaça vem de um grupo de turistas americanos, sob a coordenação de um homem de origem alemã, que se divertem em um safári de caça humana.

Além dos muitos personagens em cena, vale destacar a atuação de dois gigantes: Sônia Braga, como a Doutora Domingas, e o alemão Udo Kier, aterrorizante ao interpretar Michael, um dos antagonistas do longa.

Ambicioso, o filme começa no espaço e apresenta em sua sequência de abertura o planeta Terra visto de fora ao som de Gal Costa cantando “Não Identificado”, em uma tomada típica de ficção científica.

Impecável, a direção acerta na montagem e na fotografia, que consegue ar o incômodo do calor do clima sertanejo. No ato final, vemos algumas das cenas mais violentas do cinema nacional recente. É um filme provocador e estranho, e que prende a atenção do começo ao fim.

A relação da história com o atual cenário brasileiro se faz ao mesmo tempo metafórica e evidente. Em tempos onde se questiona porque o povo brasileiro tem aceitado calado tamanha opressão, sem se unir e se revoltar, o filme propõe uma revolução simbólica da classe trabalhadora contra as classes dominantes.

Com uma qualidade técnica incrível, vemos cidadãos que foram esquecidos pelos governantes e ameaçados por forças externas em um Brasil ainda mais desigual e opressor. É um futuro sombrio, mas também uma história muito atual.

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Bacurau é um filme único. Mistura gêneros e referências e fala da inquietação de uma comunidade afetada por uma série de mazelas, mas que preserva sua integridade na união e na resistência. Para quem gosta de entretenimento com qualidade e conteúdo.

Déborah Schmidt é servidora pública formada em istração/UFPel, amante da sétima arte e da boa música.

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Cultura e entretenimento 2w6762

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson 6g4xh

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O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

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Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

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Brasil e mundo 12h5a

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio 6t4rw

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Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

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Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

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