Connect with us

Cultura e entretenimento

O inconsciente existe

Às vezes os sentimentos ou até alguns atos impulsivos “fogem do controle” e é então que somos capazes de perceber que existe algo mais do que o nosso consciente

Publicado

on

Uma pessoa inteligente, com a vida bem estruturada, pode ter de repente uma crise de pânico que nem imagina como surgiu. O sofrimento psíquico é mais “democrático” do que se imagina, nenhuma condição social está imune a ele. Se uma pessoa está estressada pelo desemprego ou deprimida pelo luto, todos entendem, mas como pode acontecer que quem não tem problemas aparentes ter crises de ansiedade ou mesmo de depressão?

A diferença entre o sofrimento ou o bem-estar emocional é tão invisível quanto as ondas do rádio ou da televisão ou o sinal do wifi, coisas que você não enxerga mas que estão na base de todas as nossas mídias audiovisuais. No caso das suas emoções – sejam as desagradáveis ou as prazerosas – o “sinal’ ou ‘onda’ que você não enxerga, mas faz tudo funcionar, é o que se chama de Inconsciente.

Existem textos científicos que um “leigo inteligente” consegue compreender com algum esforço, mesmo não sendo de sua área de estudos, e que valem a pena ser lidos. Há três conteúdos geniais para demonstrar como funciona esse tal de Inconsciente: Luto e melancolia (Sigmund Freud), Os mecanismos de defesa (Anna Freud) e o conceito de “Compulsão à repetição”, que Freud expressou pela primeira vez no texto “Recordar, repetir, elaborar”, em 1914.

Em geral, acreditamos nas aparências. Na maioria das vezes, as pessoas acreditam que compreendem as próprias razões, justificam os próprios comportamentos, pensam que entendem o que sentem. Às vezes os sentimentos ou até alguns atos impulsivos “fogem do controle” e é então que somos capazes de perceber que existe algo mais do que o nosso consciente.

A depressão e a ansiedade são os sintomas mais comuns que abalam as nossas convicções, quando as explicações racionais não parecem mais fazer tanto sentido. Se eu compreendo tudo, como não consigo controlar o que estou sentindo?

Os preconceitos também não funcionam nessas horas, como por exemplo achar que tem que “ter um motivo” objetivo, concreto, “real”, para não estar bem. Se houver alguma forma de luto (não só por morte, mas por separação por exemplo) tudo fica mais fácil de entender, se houver desemprego também, mas se não houver nada aparente que explique? Pois é cada vez mais frequente que ansiedades – de diversos tipos, inclusive síndrome de pânico – fobias e depressões afetem as pessoas sem causa aparente.

Cada um de nós aprende de uma forma diferente, por experiência pessoal, que existe esse tal de “inconsciente”, onde vivem emoções desconhecidas à nossa razão. Tudo é tão subjetivo que escolher um terapeuta é algo muito pessoal, alguém que lhe e empatia, que lhe entenda, o que não é pra qualquer um.

Publicidade

© Montserrat Martins é médico psiquiatra, autor de Em busca da Alma do Brasil

Facebook do autor | E-mail: [email protected]

Publicidade
Clique para comentar

Cultura e entretenimento

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson

Publicado

on

O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

Publicidade

Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

Continue Reading

Brasil e mundo

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio

Publicado

on

Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

Publicidade

Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

Continue Reading

Em alta

Copyright © 2008 Amigos de Pelotas.

Descubra mais sobre Amigos de Pelotas

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading