Connect with us

Cultura e entretenimento

Identidade e vocação de Porto Alegre. Por Montserrat Martins

Publicado

on

Nova orla do Guaíba

O fluxo a Porto Alegre de turistas do Mercosul na Copa América, como já fora na Copa do Mundo com turistas internacionais, é um “trailer” de um potencial inexplorado.

Mais de 100 milhões de chineses viajam ao exterior por ano e lá gastam bilhões de dólares, um volume de despesas comparado ao PIB de muitos países. Mas apenas 50 mil destes tem o Brasil como destino, porque não existe um trabalho profissional de atração destes turistas. Esse é apenas um exemplo de um “filão de ouro” que desperdiçamos ao não explorar, nessa época em que tanto precisamos de desenvolvimento econômico.

Gramado e Canela, perto da Capital, são um sucesso turístico, que se soma ao potencial dos cânions de Cambará do Sul (sob gestão da iniciativa privada), aliás mais belos que o Grand Canyon americano. Porto Alegre estaria na rota de um pacote turístico de grande potencial atrativo, ainda mais se fosse viabilizado o Parque do Morro Santa Teresa, ideia aventada no governo Ieda e abandonada, Parque que se tornaria atrativo turístico se incluísse um Teleférico unindo o morro à Orla do Guaíba.

A nova Orla reacendeu a paixão dos porto-alegrenses pela beira do rio, isso que só uma etapa foi feita, faltando um bom aproveitamento dos armazéns do cais e da extensão da nova orla em direção ao antigo estaleiro.

No próprio Brasil há muitos exemplos de bom aproveitamento de áreas assim para turismo, que vão desde as Docas de Belém do Pará – um sucesso de público – até o teleférico que une o morro ao centro de Poços de Caldas, no interior mineiro, exemplo de sucesso em turismo. O Delta do Jacuí é paraíso ecológico inexplorado ao contrário do Delta do Parnaíba, no Piauí, com rotas turísticas de barcos entre suas ilhas.

Economistas sabem que cada região tem uma vocação econômica, que decorre de sua própria localização e recursos naturais. Porto Alegre, desde o nome a seu símbolo – o por do sol do Guaíba – lembra justamente o que? A beleza da cidade à beira do Guaíba que até hoje, como na propaganda da cerveja Polar, parece que queremos só para nós mesmos, não queremos exportar.

Potencial não explorado gera um vácuo cujo risco é ser preenchido por outros projetos, frontalmente contrários. Se não gerarmos desenvolvimento econômico com a paisagem à beira d´água na capital gaúcha, acreditaremos que a melhor alternativa é explorar carvão, poluente da água e depois do ar, caso for instalado o Polo Termoquímico proposto pela Copelmi, autora do projeto da Mina Guaíba. Se os antigos chegavam a tomar banho de mar no Guaíba, corremos o risco de não poder mais sequer beber sua água. Temos uma escolha entre vocação e imediatismo a fazer.

Publicidade

Montserrat Martins é médico psiquiatra, autor de Em busca da Alma do Brasil

Facebook do autor | E-mail: [email protected]

Publicidade
Clique para comentar

Cultura e entretenimento

O esquema fenício, novo filme de Wes Anderson

Publicado

on

O diretor e roteirista Wes Anderson é conhecido pelo seu estilo único e marcante, com imagens perfeitamente simétricas, personagens estranhos e um humor bem peculiar. Talvez a grande crítica às suas produções seja exatamente essa, de seu estilo ser sempre o mesmo, como se o cineasta não se renovasse. Porém, entre seus trabalhos mais recentes, nenhum tem tanto estilo quanto O Esquema Fenício.

Na trama, o excêntrico magnata Zsa-Zsa Korda (Benicio Del Toro) já sobreviveu a sucessivas tentativas de assassinato e é pai de nove filhos homens e uma única menina, a freira Liesl (Mia Threapleton). Ele determina que ela seja a única herdeira de seu patrimônio, mas antes, pede a ajuda da filha para garantir que seu projeto de vida finalmente saia do papel. Agora, eles precisarão viajar pelo mundo, acompanhados pelo tutor Bjorn (Michael Cera), a fim de negociar pessoalmente com seus parceiros investidores.

O longa é a sexta parceria entre Wes Anderson e o roteirista Roman Coppola, que iniciou em Viagem a Darjeeling (2007). Vale lembrar que 2023 foi um dos anos mais produtivos de Wes Anderson, que além de lançar Asteroid City nos cinemas, fez um projeto de quatro curtas-metragens com a Netflix, adaptando contos do autor Roald Dahl. Todos são imperdíveis, em especial A Incrível História de Henry Sugar,que rendeu a Anderson o primeiro Oscar de sua carreira.

Mesmo sem a profundidade narrativa de seus outros filmes, o diretor consegue, graças a química entre Benicio Del Toro e Mia Threapleton, explorar um relacionamento genuíno entre pai e filha. Além do ótimo trio principal, vemos participações de luxo de habituais colaboradores do diretor, como Willem Dafoe, Tom Hanks, Bryan Cranston, Jeffrey Wright, Bill Murray, Scarlett Johansson e Benedict Cumberbatch.

Trabalhando pela primeira vez com Wes Anderson, a fotografia de Bruno Delbonnel é fantástica, abrangendo toda a cenografia do filme, que tem locações de encher os olhos, e que já encantam logo na sequência inicial. Destaque para as belíssimas sequências em preto e branco, que mostram o mundo onírico do protagonista. Além disso, a trilha sonora é do lendário compositor Alexandre Desplat, parceiro de Anderson desde O Fantástico Senhor Raposo (2009), e vencedor do Oscar com O Grande Hotel Budapeste (2014).

Publicidade

Para os que acompanham a carreira do diretor, e fãs como eu, os temas comuns de sua filmografia estão presentes aqui: relações familiares, natureza humana e humor improvável. No entanto, o filme traz dois novos elementos, incomuns em seu universo, o suspense e a ação. Reafirmando sua identidade, embora sem o brilho de produções anteriores, Wes Anderson prova com o visualmente ambicioso O Esquema Fenício que ainda é capaz de entregar boas histórias.

Continue Reading

Brasil e mundo

Antes de Gaga, Madonna já havia aprontado no Rio

Publicado

on

Em seu show no Rio, em maio de 2024, Madonna exibiu numa tela ao fundo do palco imagens de ícones culturais, entre eles Che Guevara e Frida Kahlo. Foi surpreendente que o tenha feito, afinal, ela se apresenta como defensora dos direitos das minorias, inclusive da Queer, como faz Gaga, minoria que se fez maioria em ambos os shows.

Na ocasião, Madonna soou mais inconsequente que Gaga com seu “Manifesto do Caos”.

Os livros contam que o governo cubano, do qual Che fez parte, perseguia homossexuais, chegando a fuzilá-los por isso. Por quê? Porque os considerava hedonistas — indivíduos de natureza subversiva ao regime de exceção. Por serem, para eles, incapazes de controlar seus ardores sensuais e, por conseguinte, de se enquadrar em um regime em que a liberdade não tinha lugar, muito menos de fala.

Já Frida foi amante de Trotsky. E, depois deste ser assassinado no exílio a mando de Stálin, a artista ainda teve a pachorra de pintar um quadro com o rosto de Stálin, exposto até hoje em sua casa-museu, para iração de boquiabertos turistas bem informados sobre os fatos.

Madonna levou R$ 17 milhões do sistema capitalista por um show de um par de horas em que, literalmente, performou. Sem esforço, fingiu que cantava. Playback.

Dizem que artistas, por natureza, são “ingovernáveis”. A visão que eles teriam de vida seria mais importante do que a vida, do que a matéria. Pois há artistas e artistas.

Publicidade

Madonna é dessas sumidades que a gente não sabe, de fato, o que pensa. Apenas intui, por projeção. Tente lembrar de alguma fala substancial dela. Não lembramos, porque vive da imagem que criou. Vende uma imagem que, no fundo, talvez nem corresponda ao que ela é de verdade.

No fim da trajetória, depois de ganhar a vida, artistas costumam surpreender o público, mostrando sua verdadeira face em biografias. Pelo desconforto de partir com uma máscara mortuária falsa.

Continue Reading

Em alta

Copyright © 2008 Amigos de Pelotas.

Descubra mais sobre Amigos de Pelotas

Assine agora mesmo para continuar lendo e ter o ao arquivo completo.

Continue reading