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Brasil e mundo

Por nossas fraquezas

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Renato Sant’Ana

Os grandes aduladores do povo são os que menos respeitam o interesse comum. Torcem a verdade para, driblando o discernimento das massas, alcançar seus objetivos egoístas. Exemplos não faltam.

O ex-presidente Lula, que cumpre pena por corrupção, da cadeia enviou carta aos prefeitos de Santa Catarina, reunidos em Florianópolis, para dizer que é candidato a presidente da República em 2018. E lascou uma das suas: “E se hoje eu sou candidato a presidente de novo, é porque na democracia quem decide os governantes é o povo”.

Sim, o povo decide. E cria suas leis por meio de representantes que, exercendo o poder por ele outorgado, legisla. E a Lei da Ficha Limpa – cuja proposição foi de iniciativa popular, frise-se! – impede a candidatura de quem teve condenação em órgão colegiado. É o caso de Lula. É só mais uma jogada suja, pois, propor que se rasgue a lei e que
se deixe às urnas decidir o futuro do condenado.

Wadih Damous: farsa da defesa do povo

Mas esse é um “modus operandi” conhecido. O deputado Wadih Damous (PT-RJ), por exemplo, representando a “farsa da defesa do povo”, tentou deslegitimar a Lei da Ficha Limpa, torcendo-lhe o sentido ao dizer: “Significa [a lei] que o povo não sabe escolher, quem sabe escolher é o Poder Judiciário.”

Quis fazer crer que a lei (que a população propôs e que Lula sancionou) trata o povo como “burro, que só escolhe corrupto” Wadih e Lula querem que seja o partido a ditar a lei.

Refrescando a memória

O PT nunca quis respeitar a soberania popular. Em 23/10/ 2005, houve o Referendo Nacional pelo Comércio de Armas e Munição. O povo foi às urnas para dizer “sim” ou “não”: devia o Estado proibir o comércio e, por conseguinte, o uso de armas? Embora haja sido esmagadora a propaganda pelo “sim” (com amplo apoio dos atores da Globo), venceu o “Não!”.

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E o que fez o governo Lula? Mostrando que, para o PT, a vontade do povo não tem valor, ignorou o resultado das urnas e desarmou a população honesta, impondo a regra que interessava ao projeto petista.

Tem mais. Em 1988, através de circular, o Diretório Nacional do PT “justificou” a determinação de o partido rasgar a Constituição recém promulgada, alegando: “O PT, como partido que almeja o socialismo, é por natureza um partido contrário à ordem burguesa, sustentáculo do capitalismo. (…) rejeita a imensa maioria das leis que constituem a institucionalidade que emana da ordem burguesa capitalista, ordem que o partido justamente procura destruir”.

Tal disposição, de caráter totalitário, jamais foi revogada. Aliás, o PT nunca obedeceu à Constituição, exceto quando lhe convinha ou quando havia risco de levar a pior.

Esperteza populista

Desdenhar de tudo que foi feito por outros, diabolizar adversários e descrever um mundo caótico, eis a malícia do populismo revolucionário para enfeitiçar as massas, clicando nos botões dos anseios reprimidos e das frustrações mal resolvidas. O complemento é apresentar seus atores como guardiães da ética e inimigos da corrupção.

Lula, Zé Dirceu e Palocci, para citar só três cabeções do populismo petista, ficaram milionários no governo. Isso não diz alguma coisa?

Não basta, contudo, punir os atores por seus crimes: o elenco se renova e o espetáculo continua. Não surgirá uma nova classe política por geração espontânea. O eleitor é que precisa aprender a desconfiar de quem fala só o que ele gosta de ouvir. Senão, nada vai mudar!

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1 Comment

1 Comments

  1. kafka

    19/06/18 at 17:07

    Parabéns ao Renato. A única coisa que o PT sabe fazer é enriquecer desocupados. Caras como Lula, Dirceu, Palocci, Dilma eram uns “pés rapados”, que não tinham onde cair mortos. Hoje todos são milionários, sem NUNCA ter trabalhado. Cadeia neles!…

Brasil e mundo

Pergunte à Alexa, é um caminho sem volta

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O mundo tem parecido uma grande confusão. É difícil decifrar o tempo vivendo nele, mas aquela sensação tem a ver com o aumento da produtividade. Em séries antigas de tevê, como Jornada nas Estrelas e Perdidos no Espaço, os personagens não fazem trabalho braçal. Máquinas e robôs fazem tudo. É o que está acontecendo.

Nos últimos anos, a produtividade acelerou muito, assim como o desemprego. Tudo agora é virtual, no celular. Os bancos, os escritórios, dois exemplos, não têm mais quase funcionários. A gente sabia que ia acontecer, como sabe que, logo ali, não se vai mais usar gasolina para mover veículos. De uma hora pra outra a mudança vem, o mundo vira do avesso e revoluciona a vida das pessoas.

Antes a economia era estável, por quê? Porque tudo era essencial. Hoje, com a produtividade alta, a maioria das coisas deixou de ser essencial. Agora compramos uma caneta por achá-la bonita, não porque precisamos dela. Roupas, a mesma coisa. Muitas coisas estão assim. Carros, tendo transporte de aplicativo, pra que comprar?

Quando há uma crise, a economia tranca porque 95% das coisas que compramos foi porque nos convenceram a comprar. Não são necessárias, e, ainda mais depois da pandemia, nos demos conta de que amos muito bem sem elas.

Nesse mundo novo, estamos sendo obrigados a inventar necessidades pra justificar o nosso trabalho. Mais ou menos como o barman que faz malabarismo com os copos pra se diferenciar.

Se a economia tranca e resolvemos economizar, só compramos comida e água; é o que todo mundo faz. Então, a economia tem que ser muito mais bem istrada, para não ter esses solavancos. Tudo mudou, e isso ficou mais claro nos últimos cinco anos. É como a água que vai batendo num castelo de areia, numa hora ele cai.

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Nos próximos anos, vão ocorrer mais modificações.

Estão tentando obter energia por fusão nuclear. Já estão conseguindo, falta controlar a reação, para poder concentrá-la.

Uma quantidade mínima de hidrogênio, elemento mais abundante no universo, se transforma numa quantidade colossal de energia, e limpa. Assim, uma pequena usina — instalada digamos em São Paulo — poderá fornecer energia para todo o Brasil, a custo baratíssimo.

Quando controlarem o H, vão acabar as hidrelétricas, acabar a extração do petróleo para uso combustível. Petróleo poderá ser usado ainda, mas na petroquímica (nylon, plástico etc.).

Já estão fabricando em laboratório até alimentos ricos em proteína como substitutos da carne, e mais baratos. Daqui 20, 30 anos, áreas onde hoje se planta e há gado vão ficar pra vida selvagem. Vastas áreas serão devolvidas à natureza. Dois terços do Brasil, estima-se.

Outra coisa que vai evoluir é a IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa. Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar. IA, ela sabe tudo. Pergunte à Alexa.

Ela te responde tão rápido, que nem precisa pensar.

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Brasil e mundo

A liberdade sagrada das redes

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Noutro dia escrevi um texto sobre a cisão no vínculo entre as pessoas e o meio em que vivem, responsabilizando parcialmente as novas tecnologias de comunicação. Disse: “Se por um lado as tecnologias deram voz à sociedade, por outro, nos têm distraído da concretude do mundo, de interação mais hostil, levando-nos a viver em mundos paralelos”. E: “No mundo moderno, não habitamos mais exatamente nas cidades, mas sim no mundo virtual, um refúgio, retroalimentado pelo algoritmo, onde não há frustrações, mas sim gratificações instantâneas”. Bem, esse é um lado da questão. E não é novo.

Desde Freud se sabe que, diante do trauma, a criança dissocia-se para á-lo, refugiando-se na neurose, uma estratégia de defesa. Pois, assim como a criança abalada pelo trauma, as pessoas, diante das escalabrosidades do mundo concreto, fazem igual: elas podem se retirar para o mundo virtual, guardando, daquele, uma distância.

O outro lado da questão, o reverso da moeda, é que, sem as novas tecnologias de comunicação, a voz traumatizada da sociedade permaneceria atravessada na garganta, sem chance de extravasar-se.

A possibilidade de expressão liberou uma carga de justos ressentimentos contra os limites da política, as injustiças, o teatro social. De súbito, tivemos uma ideia do tamanho da insatisfação com os sistemas de vida, ando publicamente a protestar, em alguns casos chegando à revolução, como ocorreu na Primavera Árabe, onde as redes sociais cumpriram um papel fundamental.

Pois não é por outra razão que os donos do antigo mundo estão incomodados e querem controlar a liberdade de expressão, especialmente a velha imprensa, os monopólios empresariais, os sistemas políticos totalitários. Enfim, todos aqueles para quem a internet e as redes sociais ameaçam seu poder, ao por de pernas pro ar as certezas convenientes sobre as quais se assentaram.

Fato. As inovações desarranjam os mercados e os modos de vida. Toda inovação faz isso. É o preço do progresso. Mas, assim como é impossível voltar ao tempo do telégrafo (imagine o desespero nas Bolsas de Valores), é impensável retroagir ao mundo exclusivo da prensa de Gutenberg. Porque as descobertas, afinal, permitem avançar nos arranjos produtivos: propiciam economia de tempo, dinheiro e, no caso da comunicação, ampliam a liberdade, seu bem mais precioso. Pode-se dizer que não estávamos preparados para tanta liberdade súbita, e que venhamos, neste momento, usando-a “mal”. Contudo, parece razoável dizer que, à medida que o tempo e, estaremos mais e mais preparados para lidar com a liberdade e seus efeitos.

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Com todos os defeitos que a vida tem, é preferível mil vezes, ao controle da palavra, a liberdade de dizê-la. Quem pode afirmar (ou julgar) o que é verdadeiro e o que é falso, senão as pessoas mesmas, em última análise, de acordo com suas percepções e as pedras em seus sapatos? Pois hoje, depois de provarmos a liberdade trazida pelas novas tecnologias, mais do que nunca sabemos que a imprensa, em sua mediação da realidade, é falha, e como o é!

É interessante (e triste) ver como, após a criação da internet e das redes, grande parte da imprensa, ao perder o monopólio da verdade, se vêm tornando excessivamente opinativa e crítica das novas tecnologias. Deveria, sim, era aprimorar-se no trabalho para prestá-lo melhor. Acontece que — eis o ponto — como a velha imprensa não é livre de fato, como depende do financiador, muitas vezes de governos, ela vê nas novas tecnologias de ampla liberdade uma ameaça à velha cadeia de produção acostumada a filtrar o que valia ser dito, e o que não valia, em seu óbvio interesse, hoje nu, como o rei da história.

Além de tudo, há essa coisa interessante: a percepção. Para alguns pensadores do novo mundo, o que chamamos de realidade é uma simulação, no que concordo. Segundo eles, cada um de nós só tem o às coisas através dos sentidos (olfato, visão, tato, audição, paladar). Porém, como cores, cheiros, paladares etc. não existem no mundo concreto (são imateriais), sendo portanto simulações percebidas pelos sentidos (pessoas veem cores em diferentes matizes, quando não divergentes, como os daltônicos), aqueles pensadores sustentam que o mundo como o percebemos seria resultado exclusivo dos nossos sentidos. Assim, a única coisa real seria a razão. É o que diz Descartes, para quem a razão é a única prova da existência. “Penso, logo existo”.

Como amos o mundo virtual pelos mesmos sentidos com que amos o mundo concreto, estando entrelaçados, não haveria diferença entre eles. Logo, não deveríamos condenar o mundo virtual, mas sim o explorarmos melhor. Eu acredito que é assim.

Uma vez provadas as inovações, não é possível retroagir. Podemos, isso sim, é refinar, em decorrência delas, o nosso comportamento.

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